Varíola dos macacos: Ceará não tem transmissão comunitária da doença, diz secretaria

O Ceará não tem transmissão classificada como comunitária da varíola dos macacos. Ou seja, ainda não há registro que um morador do estado passou o vírus para outro residente. A informação foi divulgada, nesta terça-feira (26), por Sarah Mendes, secretária executiva de vigilância em saúde. O estado tem quatro casos confirmados da doença.

A varíola dos macacos (monkeypox), declarada como emergência mundial de saúde no último sábado (23), acumula 63 notificações no Ceará. Desse número, 27 seguem em investigação (veja abaixo a lista dos municípios). Outros 32 foram descartados laboratorialmente. Quatro foram confirmados no Ceará. Com o aumento gradual dos números — quase 700 no Brasil até o momento —, surge uma dúvida: como se proteger da doença?

A infecção é causada por um vírus que geralmente se manifesta de forma leve. No entanto, a taxa de mortalidade da doença varia entre 3 e 6% dos pacientes infectados historicamente, tendo sido confirmados, no atual surto, cinco óbitos.

Os municípios que têm casos em investigação, até esta terça, são:

  • Aracoiaba (1)
  • Barbalha (2)
  • Cascavel (1)
  • Caucaia (2)
  • Crato (2)
  • Fortaleza (5)
  • Fortim (1)
  • Jaguaruana (1)
  • Juazeiro do Norte (3)
  • Quixadá (1)
  • Quixeré (1)
  • Russas (3)
  • Sobral (1).

Outros três suspeitos são viajantes do Rio Grande do Norte (1) e São Paulo (2).

Os primeiros sintomas são febre, dor e surgimento de lesões e feridas em algumas partes do corpo, as quais podem aparecer entre seis e 13 dias em razão da incubação do vírus, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse período, porém, pode chegar até 21 dias em alguns casos.

Nos primeiros cinco dias, o período de invasão, o paciente pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, inchaço nos gânglios (conhecido como “íngua”), falta de energia, calafrios, além de dores nas costas e nos músculos.

Já após esse período, aparecem feridas na pele, classificando a segunda etapa da doença. Essas lesões cutâneas surgem de um a três dias após a febre, concentrando-se no rosto, nas extremidades do corpo, na palma da mão e na sola dos pés.

Contudo, podem aparecer, ainda, na genitália, nos olhos e na mucosa da boca. Médicos relataram que, no atual surto, as feridas têm sido achadas com mais frequência na região anal e genital, surgindo, inicialmente, com feridas planas, mas passando a formar pequenas bolhas com líquido antes de ganhar uma espécie de casca.

Nos casos com marcas cutâneas, houve registro de pacientes com poucas, enquanto outros chegaram a ter milhares. Há, porém, casos em que pacientes tiveram apenas uma vermelhidão na pele, parecida com uma irritação.

Como se proteger

A OMS informou que a vacina é a principal forma de prevenção contra a doença. Estudos observacionais apontaram que o imunizante contra a varíola tem efetividade de 85% contra a varíola dos macacos. Como o vírus contra a varíola foi erradicado, o programa de vacinação contra essa doença foi paralisado a partir dos anos 1980 — assim, pessoas com mais de 40 ou 50 anos parecem estar mais protegidas contra o vírus.

Como vacinas mais atuais estão em falta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçou o uso de máscaras, o distanciamento social e a higienização das mãos. As formas apontadas para evitar o contágio pela doença, ditas “não farmacológicas” são similares para proteção contra outras enfermidades, como a Covid-19.

Diversos casos da doença foram identificados em homens que fizeram sexo com outros homens, mas a doença não é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST). Para isso, uma doença exige contato sexual para ser transmitida, mas a varíola dos macacos não necessariamente é passada por relações sexuais.

Segundo o conselheiro da OMS Andy Seale, a varíola dos macacos não é uma “doença gay”, como pessoas rotularam nas redes sociais. O número relativamente alto de homens homossexuais com registros da doença se deu porque esse grupo busca mais os serviços de saúde para realização de prevenções contra o vírus HIV — como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que necessita de acompanhamento — no caso de surgimento de sintomas.

“Através disso, o contato regular com serviços de saúde dá novas oportunidades de checar sintomas ou problemas de saúde que podem ser reconhecidos. Então pode ser considerado que o grupo também tem tido um papel na identificação de casos na comunidade”, afirmou Seale em entrevista.

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O Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos comunicou que ainda não há tratamento específico para infecções por vírus da varíola dos macacos. Como o dessa doença e o da varíola são parecidos geneticamente, acredita-se que medicamentos e vacinas contra a varíola também podem ser usados para prevenção e tratamento da varíola dos macacos.

Com o anúncio da OMS sobre a enfermidade atual, é esperado investimento em imunizantes e remédios contra a varíola dos macacos. O diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que será possível controlar o surto e parar a transmissão com as ferramentas disponíveis, apesar de somente metade dos países com casos registrados tenham acesso garantido a vacinas.

Entretanto, o diretor de emergências da OMS, Mike Ryan, afirmou que a vacinação não garante proteção instantânea contra a varíola dos macacos.

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