Suspeito de extorquir mulheres tinha 31 contas no WhatsApp e fez 48 mil acessos à Internet em 6 meses

O técnico de informática Matheus Fernandes Alves, de 27 anos, preso na última sexta-feira (8) por suspeita de extorquir pelo menos 400 mulheres pela Internet, criou 31 contas no aplicativo WhatsApp e fez mais de 48 mil acessos à Internet em 6 meses, segundo a Polícia Civil do Ceará (PC-CE).

O escrivão do 5º DP (Parangaba), José Raulino Viana, que participou da análise de dados extraídos dos aparelhos celulares do suspeito, afirma que o número de acessos de Matheus Alves assusta. A cada vez que a pessoa abre um navegador da Internet gera um IP e é contado como um acesso.”Com a ordem judicial, a gente conseguiu obter os registros de conexão e acesso, e foi o primeiro ponto que nos espantamos. A enorme quantidade de acessos à internet: 48.871 vezes, nos últimos seis meses. O que nos demonstrou que ele praticamente passava o dia praticando esse tipo de delito.”JOSÉ RAULINO VIANAEscrivão da Polícia Civil do Ceará

Em uma média aproximada, o suspeito acessou a Internet 271 vezes por dia, ou 11 vezes por hora.

Os crimes eram cometidos por diferentes redes sociais, com centenas de vítimas. Três mulheres que foram extorquidas por Matheus, sob ameaça de que ele divulgaria imagens íntimas delas, prestaram Boletim de Ocorrência (BO) na PC-CE: uma moradora de Fortaleza pagou mensalidade de R$ 200 ao criminoso durante um ano; as outras duas vítimas, moradoras de Pacatuba e Quixadá, não efetuaram nenhum pagamento.

“Com o aprofundar da investigação, nós constatamos que ele se utilizava de 31 contas diferentes no WhatsApp. Algumas delas, inclusive, de outros estados. Percebemos que somente quatro contas no nome dele havia, em um ano, estado vinculadas a 46 aparelhos celulares”, acrescenta Raulino Viana.

Segundo o investigador, “Matheus tinha uma expertise para se esconder na Internet e para dificultar a identificação dele. Como ele é tecnico de informática, ele tem o conhecimento de como funcionada a Rede Mundial de Computadores”. 

Além disso, ele era técnico de celulares, consertava aparelhos. Descobrimos que ele se aproveitava desse momento que ele ia consertar o celular do cliente, pegava um dos inúmeros chips que ele dispunha em nome de terceiros, inseria esse chip e utilizava o aparelho do cliente para praticar esses crimes.”

Anos de crimes sem ser descoberto

A Polícia Civil suspeita que Matheus Fernandes Alves estivesse cometendo crimes pela Internet desde 2014, quando ele registrou um BO para denunciar que alguém havia criado um perfil falso, com o nome dele, para chantagear mulheres – o que os investigadores acreditam ter sido feito para ele se resguardar de futuras acusações.

O técnico de informática também se aproveitava de instalações de roteadores de Wi-Fi para “roubar” dados de clientes e para cometer extorsões, o que dificultava a sua localização exata, de acordo com a Polícia. 

Ele ainda participava de grupos com outros hackers, nas redes sociais, para trocar informações sobre possíveis vítimas e ostentar o dinheiro que ganhava ilicitamente. Matheus tinha cerca de oito contas bancárias, no nome de outras pessoas.

Interrogado pela Polícia Civil, inicialmente o suspeito negou ser autor das extorsões e disse que não colaboraria. Porém, mudou de ideia, confessou os crimes e colaborou com as autoridades.

O suspeito é investigado por uma série de crimes. São eles:

  • extorsão;
  • perseguição;
  • falsa identidade;
  • falsidade ideológica;
  • divulgação de foto íntima;
  • lavagem de dinheiro;
  • constrangimento ilegal;
  • estupro tentado na modalidade virtual.

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