Queda na oferta deve elevar preço da cerveja no Ceará

Com a produção industrial do setor de embalagens impactada pelas restrições impostas na quarentena, fabricantes de cerveja foram obrigados a reduzir a oferta de algumas marcas nas prateleiras. E a movimentação, de acordo com o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Gerardo Vieira, tem gerado dificuldades para estabelecimentos comprarem produtos de algumas marcas, o que faz com que o estoque diminua. Com a redução de oferta, segundo a Acesu, a tendência é que o preço das cervejas suba gradativamente nos próximos meses.

Vieira diz que todo fim de ano há redução de oferta de cerveja, mas em 2020, devido à pandemia, a situação está mais grave. Representantes do setor, afirma ele, contam que o problema é motivado pela falta de embalagens, alumínio e vidro. “Estamos tendo dificuldades para comprar cervejas, e isso vai enxugando o meu estoque regulador. Tem produto que já falta há mais de uma semana. Em dezembro, com certeza, isso vai se agravar”, estima.

Restaurantes

A redução na oferta de cervejas também é notada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). O diretor executivo da instituição, Taiene Righetto, destaca que os comerciantes perceberam a queda do nível de reposição dos estoques em setembro. E esse impacto no abastecimento acabou colaborando para uma queda no faturamento dos restaurantes, já que o ticket médio dos clientes diminuiu nesse período.

“Nós já estamos faturando menos que antes da pandemia, por causa do decreto estadual, que nos faz trabalhar em horário reduzido e atendendo presencialmente só uma parte da capacidade total. Com um possível desabastecimento de cerveja e a alta no preço de outros insumos, inevitavelmente teremos que repassar ao consumidor final”, pontua.

Segundo o diretor executivo da Abrasel, alguns empresários da área, especialmente os donos de restaurantes maiores, tentaram firmar parcerias com marcas de cervejas de outros estados, para evitar um desabastecimento. Contudo,ele ponderou que os pequenos estabelecimentos podem não conseguir solucionar o problema por terem estruturas logísticas menores.

Para Righetto, o setor foi afetado pelo fato de que os estados teriam operado planos de retomada distintos, com setores voltando “separadamente”. “Estamos sofrendo bastante com todas as marcas. Os planos de retomada econômica dos estados ocorreram separadamente, não em paralelo. Isso ‘descasou’ a volta da indústria com os fornecedores”, explica.

Ruptura

A ruptura da compra, como é chamada a situação em que o cliente deixa de consumir um produto simplesmente porque o item não está disponível, atingiu 16% em agosto de 2020, contra apenas 10% em 2019, segundo a Neogrid. Isso não significa que está faltando ou que irá faltar cerveja nos pontos de venda do País, disseram fontes da indústria cervejeira à reportagem. Mas, para manter a oferta das marcas mais consumidas pelo público, rótulos com menor procura tiveram sua produção reduzida ou suspensa.

Índice geral

Considerando o índice geral de falta de produtos em supermercados medido pela Neogrid, os dados indicam que o pior passou para o cenário nacional. Depois de chegar a 12,57% em maio, a falta de itens disponíveis ao consumidor recuou para 12,08% em agosto. Em março, o valor era de 11,41%. A redução da oferta de cerveja nos supermercados não chegou até o consumidor, pelo menos até agora.

Diário do Nordeste

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