Projeto de ‘educação contextualizada’ no Sertão cearense desenvolve formações contra a Covid-19

Com financiamento da União Europeia, o Projeto Contexto trabalha a educação contextualizada em 20 municípios nos sertões cearenses, desde 2017. Neste ano, por conta da pandemia da Covid-19, foi preciso se reinventar e mudar o formato tradicionalmente construído: proximidade entre escola, alunos, professores e comunidade. O objetivo central da iniciativa é criar Projetos de Lei nos Municípios atendidos para implementar a metodologia educacional. 

Para tal, a cada semestre é trabalhado um tema de formação junto aos professores que, por sua vez, repassam aos alunos das 130 escolas participantes. Neste módulo, a temática escolhida foi a prevenção contra o novo coronavírus.

Com o tema “Prevenção à Covid-19 e cuidados com a vida”, o objetivo é orientar o trabalho pedagógico nas escolas atendidas. Para isso, professores/as dos 20 municípios são beneficiados com formação modular a cada dois meses. Dessa vez, por conta das medidas sanitárias, os encontros estão sendo exclusivamente pela internet. Para facilitar o processo, os docentes e responsáveis pela escola estão recebendo conteúdos divididos nas seguintes temáticas

  • Conhecimentos básicos e novas descobertas sobre a Covid-19;
  • Protocolos sanitários municipais e estaduais para o retorno às aulas;
  • Saúde preventiva e práticas integrativas e complementares; 

A diretora da EEIF Cícero Barbosa, Maria Francieuda de Oliveira, em Pedra Branca, é uma das entusiastas da iniciativa. Segunda ela, os professores e diretores foram obrigados a alterar boa parte da rotina para colaborar no combate à pandemia. 

Adaptação

Durante este período de formação, o projeto realiza, também, atividades no formato híbrido. As secretarias municipais de educação adotam a disponibilidade de materiais pela internet, mas também impressos para aqueles que não têm acesso. Apesar dos desafios, a recepção dos parceiros e participantes têm sido animadora, ressalta Rosângelo Marcelino, coordenador Geral do Projeto Contexto. Ele explica como normalmente funciona o projeto.”Os professores recebem a formação, trabalham a temática na sala de aula, em dois meses. No fim de cada semestre, se faz a culminância. Abrem-se para a comunidade, é uma espécie de feira de ciências, onde professores e alunos apresentam o que foi debatido de uma forma mais lúdica”.

O processo faz parte do método de contextualização disciplinar a partir de um tema gerador. Por meio de formações temáticas, os docentes adaptam o conteúdo curricular de cada turma com base em algo concreto no Município. O objetivo é fazer com que o conteúdo trabalhado em sala de aula faça sentido na vida dos estudantes, familiares e, ainda, no cotidiano daquela comunidade.

O que é educação contextualizada?

  • O método é desenvolvido no contexto do semiárido e prevê uma adaptação dos conteúdos escolares ao espaço geográfico dos alunos, assim como outras especificidades do ecossistema.

Após cada ciclo bimestral, é realizado um evento para apresentação do que foi debatido. Neste ano, porém, por conta da pandemia, este momento não será possível.

Projeto

Projeto Contexto começou a atuar no Ceará em 2017 e conta com a realização de seis organizações. Ele visa “criar políticas públicas nesses 20 municípios, que trabalhem a questão de gênero na sala de aula”, explica Marcelino.“Nossa intenção é que cada Município crie seu Projeto de Lei. Além disso, como 95% do território cearense está no semiárido, esperamos criar mecanismos de convivência com o semiárido”, aponta. “Qual o caminho? Ter formação nas escolas, com os professores ajudando a implementar essa metodologia de educação, ter formações com grupos de mulheres e criação de Grupos de Trabalho para desenvolvimento da proposta”. 

Marcelino explica, ainda, que existe uma equipe pedagógica que realiza a formação com os professores nos Municípios, mas que o processo legal é fundamental. “Em Ipaporanga, eles instituíram o Projeto de Lei e é possível ver uma educação que faz sentido nas pessoas. Eles aprendem matemática relacionando aos que observam. Utilizam os canteiros com as forma geométricas. Isso acontece a partir da educação contextualizada”, explica. Você percebe que as pessoas começam a conhecer o entorno e começam a reagir em seus espaços.

Com o Projeto de Lei, que cria diretrizes para um modelo replicável naquele contexto, a ideia é que as cidades continuem desenvolvendo a iniciativa. “Os Municípios que estão vivenciando essa experiência vão ter a oportunidade de implementar a política pública. Eles podem e devem dar continuidade ao processo”, aponta. Até o momento, sete cidades já instituíram a Lei no âmbito educacional para o modelo. Outros oito estão caminhando para isso.

Municípios com leis aprovadas:

  • Nova Russas
  • Quiterianópolis
  • Tamboril
  • Ipaporanga
  • Novo Oriente
  • Solonópole
  • Deputado Irapuan Pinheiro

Municípios em diálogo para elaboração dos Projetos de Leis:

  • Piquet Carneiro
  • Milhã
  • Senador Pompeu
  • Madalena
  • Boa Viagem
  • Pedra Branca
  • Ipueiras
  • Ararendá

Municípios que ainda não começaram a elaboração:

  • Quixeramobim
  • Tauá
  • Poranga
  • Mombaça
  • Crateús

diario do nordeste

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