MST denuncia ação criminosa em acampamentos no Ceará

O Movimento Sem Teto (MST) denuncia o terceiro ato de invasão a acampamentos da organização em pouco menos de um mês no Ceará. O mais recente foi ao Acampamento 17 de Abril, em Santana do Acaraú, o qual foi alvo de “jagunços” na tarde desta quarta-feira, 28. Na ocasião, casas teriam sido destruídas e queimadas, animais morrido e cerca de 60 pessoas expulsas em uma “ação criminosa”.

De acordo com Gene Santos, coordenador estadual do MST, por volta das 15 horas, trabalhadores de fazendeiros da região chegaram acompanhados de policiais para expulsar os moradores. “Fomos surpreendidos, pois não houve nenhum aviso prévio. Uma ação de reintegração de posse de terra tem que ser seguida de uma série procedimentos, justamente para evitar possíveis traumas nas famílias”, relatou ao O POVO Online.

“Isso é errado, já que não foi cumprido nenhum protocolo para reintegração da posse. A polícia fez foi legitimar a ação ilegal dos jagunços”, criticou. Em Fortaleza, ele disse que uma equipe de militantes já estava a caminho do local para prestar auxílio a cerca de 60 pessoas que foram expulsas.

O coordenador explica também que o acampamento existia há quatro anos e que já havia processo de negociação com o Governo do Estado para a reintegração da terra. “Não tinha mais barracos, mas casas. Agora está tudo destruído”, comunicou, informando ainda que no local animais foram mortos e famílias expulsas.

O Acampamento 17 de Abril fica próximo à Fazenda Canafistula, uma área de restrito acesso a serviços telefônicos e de Internet.

Ataques sucessivos

“Nós do MST estamos muito angustiados e preocupados com o que vem acontecendo. Acreditamos que o problema agrário no Ceará não se resolve com violência”, assegurou Gene Santos, que enfatiza que o ataque ao Acampamento 17 de Abril é o terceiro em menos de um mês no Estado.

No dia 30 de outubro, moradores de um acampamento urbano do MST, em Tamboril, denunciaram um incêndio criminoso próximo às suas barracas. Na ocasião, testemunhas contaram que viram homens de moto se evadindo do local quando avistaram a chegada de pessoas para conter as chamas.

Já na quarta-feira passada, 21 de outubro, uma ação de despejo foi solicitada contra outro acampamento da organização, na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte. O caso envolveu negociações entre membros do Governo do Estado, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi (Fapija) e advogados, garantindo a permanência provisória nas terras, além da promessa de criação de um assentamento estadual para pelo menos 150 famílias acampadas.

“Não têm sido atos isolados. Aparentemente existe uma organização de fazendeiros para coibir a atuação de movimentos sociais no campo”, asseverou o coordenador do MST no Estado.

O POVO Online entrou em contato com a Secretária da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) às 23h30min da noite desta quarta-feira, mas ainda não obteve resposta.

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