Meninos desaparecidos em Belford Roxo foram mortos pelo tráfico, afirma polícia

Uma gaiola com um passarinho. Esse é o motivo apontado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense como a causa da morte dos meninos Lucas Matheus da Silva, 8 anos, Alexandre da Silva, 10 anos, e Fernando Henrique Ribeiro, de 12 anos.

Segundo testemunhas ouvidas pelos investigadores, as crianças teriam se desentendido com o chefe do tráfico da comunidade Castelar, em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, após pegarem um pássaro que pertencia ao criminoso.

A principal linha de investigação, desde o começo das diligências, conectava o desaparecimento à ação do tráfico de drogas. Nove meses depois das buscas começarem, a Polícia Civil afirma que as crianças morreram a mando do traficante. Os corpos seguem desaparecidos.

No dia 30 de julho, fragmentos de ossos foram encontrados próximos a um rio na Baixada Fluminense. O que poderia ter sido uma nova pista do caso se desfez com o resultado da perícia do Instituto Médico Legal: a ossada não era humana.

Embora os meninos ainda não tenham sido localizados, a polícia informou que o inquérito será encerrado em breve –e as buscas não serão mais prioridade. Os nomes de quem mandou matar às três crianças só serão divulgados após a finalização do inquérito.

Entenda o caso

Os primos Lucas e Alexandre da Silva, de 8 e 10 anos, desapareceram na tarde do dia 27 de dezembro de 2020, na companhia do amigo, Fernando Henrique Ribeiro, de 12 anos.

O trio havia se encontrado para jogar bola, mas decidiu ir até à Feira da Areia Branca –num trajeto feito, tradicionalmente, na companhia do pai e do padrasto, para comprar ração para passarinho.

Essa versão foi contada pelos colegas que os viram antes de eles sumirem. “O Xande ama bicho. Quando tem bicho em casa, trata que nem neném”, contou a avó de Lucas e Alexandre, Silvia Reginaldo Silva, que já abrigou vários animais resgatados pelo neto.

A informação sobre a ida deles à feira popular foi a última que as famílias tiveram.

Desde a hora do almoço daquele domingo, quando o sumiço foi notado, a vida dos pais, tios, avós, amigos e vizinhos se resumiu à procura pelos meninos. O boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil. O caso ganhou repercussão. As forças de segurança foram mobilizadas a mando do governador em exercício, Cláudio Castro.

As imagens de mais de 40 câmeras foram analisadas pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, nenhuma pista havia sido encontrada.

Em março, revisando as imagens capturadas, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) encontrou registros deles em câmeras localizadas na rua Malopia, num bairro vizinho à comunidade Castelar. A suspeita é de que o trio tenha sido capturado pelo tráfico nessa região.

Ainda em janeiro, um homem –que não teve a identidade revelada– chegou a ser levado à delegacia pelos parentes dos meninos. Ele foi apontado como responsável pelo desaparecimento. Mas, após prestar depoimento, a polícia o liberou por não ter nenhuma ligação com o caso.

A soltura gerou manifestações, apontadas pela polícia como uma forma de o tráfico desviar a atenção da comunidade para atrapalhar as investigações.

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