Mais de 500 recenseadores do IBGE desistem do trabalho no Ceará

No Ceará, 517 recenseadores pediram rescisão de contrato durante as atividades para realização do Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, mais de 6,5 mil pessoas desistiram da função em todo o país.

O órgão abriu nova seleção de vagas temporárias para recenseador e agente censitário, com mais de 6,7 mil vagas. No estado, a seleção conta com 65 vagas divididas entre 19 municípios. No entanto, as vagas não necessariamente representam o número de pessoas desistentes.

Conforme o superintendente do órgão, Francisco Lopes, o número de desistentes representa uma quantidade já estimada pela instituição antes do início dos trabalhos de pesquisa. Em razão disso, foi feita uma reserva já pensada para o caso de rescisões contratuais entre os 7.348 recenseadores a atuarem no estado.

“Essas 65 [vagas] é porque a gente precisa ter um quadro de reservas para o caso de desistências, e, em vários municípios, a gente tava com quadro bem pequeno de reserva”, explicou. “É uma forma de termos um quadro para emergências que podem acontecer nos municípios.”

O superintendente afirmou que todas as 517 pessoas que desistiram já foram cobertas por novos recenseadores. As pessoas aprovadas na nova seleção serão treinadas e convocadas para a função posteriormente. Ainda de acordo com ele, o Censo Demográfico deve ocorrer normalmente, dentro do prazo previsto.

“No momento, continua o mesmo projeto. Estamos monitorando isso diariamente, então creio que lá para o final do Censo a gente vai ter uma posição melhor sobre qualquer alteração que for feita.”

Motivos para desistência

Francisco Lopes afirmou que os motivos para as desistências são diversos, mas o principal deles é a não adaptação ao trabalho de campo — este seria diferente do imaginado por grande parte dos concorrentes ainda durante o processo seletivo.

“Uma boa parte pediu [rescisão] dessa forma. Por ir de casa em casa fazer entrevista e tal, alguns deles não se adaptam a esse sistema de trabalho”, disse ele, apontando os deslocamentos e as abordagens com entrevistados como algumas dificuldades.

O superintendente acrescentou ainda outros motivos que independem do IBGE. Entre eles, estão a falta de segurança e a recepção negativa em parte dos domicílios pesquisados, que são tratadas como “questões da sociedade”.

Ainda segundo o representante do órgão, outra parte dos desistentes pediu rescisão devido ao atrasado na ajuda de custo durante a etapa de treinamento. Os valores, pagos em cinco parcelas de R$ 40, totalizando R$ 200, já foram pagos.

“Já efetuamos o pagamento de mais de 6 mil recenseadores, então está tranquila, essa parte”, afirmou, apontando, como motivo para o atraso, um erro no sistema. “Algumas pessoas, em decorrência disso, desistiram, dentro dessas 517 pessoas.”

No entanto, Francisco Lopes ressaltou que o órgão já está fazendo o pagamento dos setores concluídos à medida que o andamento da pesquisa avança. “A maior parte está em campo, mas já tivemos 620 setores que foram concluídos e já fizemos também o pagamento desses setores.”

“Os setores concluídos já foram integralmente pagos por toda a sua produção. Agora, à proporção em que forem concluindo os trabalhos e estiverem liberados para pagamento, novos pagamentos serão realizados”, concluiu.

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