Mãe relata que bebê caiu no chão durante parto em hospital no interior do Ceará

Uma mãe denuncia ter sofrido negligência no hospital municipal de Ubajara, no Norte do Ceará, em um parto natural em que o bebê dela caiu no chão, no último dia 27 de maio na unidade. Ela afirma que não foi acompanhada por médico ao dar à luz. O bebê passou por exames nesta segunda-feira (10), em Sobral.

Segundo a mãe, o recém-nascido está “aparentemente bem”. A direção do hospital nega a versão. O vice-prefeito de Ubajara, Adécio Muniz Paiva Filho, publicou nota de esclarecimento sobre o caso em sua página pessoal no Facebook, nesta terça-feira (11). Em vídeo, juntamente com a mãe e o bebê, o vice-prefeito pede desculpas e afirma que foi aberto processo administrativo para investigar o que aconteceu.

Segundo Maria Gisele Leitão, de 27 anos, em razão das dores, ela estava ajoelhada no momento em que o bebê foi expelido em parto natural. Segundo o relato dela, o enfermeiro que a atendia não acreditou que o bebê estava prestes a nascer e, por isso, não a auxiliou enquanto ela solicitava ajuda.

O diretor do Hospital de Ubajara, Bruno Araújo, nega a versão da mãe e assegura que a criança foi aparada pelo enfermeiro em questão, que, segundo o diretor, estava de plantão no dia e acompanhou o trabalho de parto de Gisele. A paciente fez uma carta direcionada à ouvidoria do hospital relatando o ocorrido e entregou ao diretor no dia seguinte ao parto.

A Secretaria de Saúde do município informou que o posicionamento oficial sobre o caso seria fornecido pela direção do hospital.

Nesta terça, o vice-prefeito da cidade publicou nota confirmando o recebimento da denúncia. Paiva Filho esclareceu que a paciente foi acolhida na enfermaria do hospital de Ubajara enquanto aguardava liberação de um leito em outra unidade hospitalar.

“Contudo, o sistema não liberou em tempo hábil a transferência, sendo que às 20 horas e 35 minutos a criança veio a nascer na enfermaria onde havia sido disponibilizado o leito”, diz a nota.

O vice-prefeito afirma, ainda, que tem fornecido apoio para o melhor atendimento da criança. “Do mais, depois da denúncia apresentada na ouvidoria do Município corre um processo administrativo, com a finalidade de apurar os fatos e seus eventuais responsáveis. Deve ser ressaltado que a prefeitura está disponibilizando todos os meios necessários ao atendimento da criança e da mãe”, finaliza a nota.

O parto

Quando Gisele foi ao hospital, no dia 27, estava sentindo contrações fortes e apresentava dilatação, segundo ela. No dia anterior, um domingo, ela já havia procurado a unidade após sentir cólicas, diarreia e vômito.

“Quando cheguei, o médico simplesmente falou que era uma dor de barriga. Eu sabia que não era uma dor de barriga qualquer, porque eu tava sentindo a barriga dura e as cólicas. Já era contração. O médico não me examinou, me deu remédio pra tomar na veia e me mandou pra casa. No domingo à noite, passei a noite todinha sentindo contração. As cólicas fortes aumentaram. Na segunda de manhã não quis ir logo pro hospital porque já sabia que eles iam me mandar pra casa de novo, só fui à tarde quando já não tava mais aguentando de dor”, relata.

Ao chegar ao Hospital de Ubajara, por volta de 16h, ela foi atendida pelo médico de nome Paulo, que a examinou e constatou as condições favoráveis para o parto, de acordo com a jovem.

“Falou que o bebê já tava bem pertinho de nascer e era pra eu ser encaminhada para o hospital de Tianguá, porque eu estava com 37 semanas e ainda era considerado prematuro. Ele foi ajeitar os papéis da transferência e eu fiquei aguardando no quarto”.

Com a troca de plantões da unidade por volta de 18h30, conta a mãe, ela passou a ser assistida por um enfermeiro, que ao examiná-la entre 19h30 e 20h disse que ela tinha oito centímetros de dilatação. “Ele mandou eu ir pro quarto de novo. Fiquei no quarto esperando e a dor só aumentou”, disse.

‘Pra que esse escândalo?’

Gisele também afirma que, ao ser avisado sobre o sangramento da paciente e de que a bolsa d’água, que envolve o útero da grávida, havia estourado, o enfermeiro reagiu com desdém, apenas dizendo: “sim, isso é normal”.

“Eu já tava sentindo que o neném tava nascendo, vinha aquelas forças já pro neném nascer. Ele nem ligou. Ele tava perto, num postinho que tem perto do quarto, tava ele conversando com outra enfermeira lá, e nem ligou nem foi pro quarto, me deixou lá, e o neném já quase nascendo”.

“Quando ele entrou lá no quarto, que o neném já tava quase nascendo, ele ainda foi totalmente ignorante, estúpido. Ainda falou: “valha, pra que esse escândalo? Calma, esse bebê não vai nascer tão cedo””, acrescenta Gisele.

Nesse momento, Gisele estava ajoelhada por não aguentar as dores, conforme relata. “Eu falei assim: vai nascer, vai nascer aqui no chão mesmo, é? Ele falou: calma, não vai nascer agora não. Só foi o tempo dele fechar a boca, o neném caiu no chão”, diz a mãe. O bebê nasceu às 20h35.

Por G1

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