Falta de acesso à tecnologia e à informação são gargalos para pagamento de auxílio emergencial

Após o Governo Federal lançar ontem (7) o calendário de pagamento do auxílio emergencial – que varia de R$ 600 a R$ 1.200 – e todas as condições para o cadastro dos trabalhadores informais que não estão inscritos em nenhuma plataforma, como Cadastro Único, o próximo desafio a ser superado na transferência de renda a esse segmento da população é fazer com que o recurso chegue à essas pessoas.

Segundo especialistas e economistas, diversos fatores fazem com que este dinheiro não alcance a ponta de forma universal. Eles citam a falta de informação, o acesso à tecnologia e a indisponibilidade da rede bancária em vários municípios do interior do Ceará.

Para o professor do curso de Economia Ecológica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Aécio Alves de Oliveira, um dos problemas a serem enfrentados pelas pessoas mais carentes é a falta de acesso à tecnologia e também à informação. “Cria-se um problema sério, principalmente, para os mais necessitados e para os mais velhos. Isso pode, inclusive, gerar oportunismo, ou seja, algumas pessoas vão se aproveitar dessa situação”, explica o professor.

Ele diz que, mesmo simplificados, os programas de cadastro, como aplicativos e sites, são muito sofisticados para essas pessoas. “Isso poderia ter sido simplificado se tivesse dado às prefeituras municipais essa missão, que fariam um planejamento de maneira mais simples. E isso ocorre porque o Governo está numa disputa política de querer mostrar serviço”, acrescenta.

Oliveira também afirma que regionais e órgãos municipais poderiam dar conta de atender esse público, tanto na fase de cadastro como no pagamento do benefício. “Nas regionais, você tem o cadastro e o endereço das pessoas. Tem outros órgãos das prefeituras disseminados pelas cidades, você tem as areninhas que seriam outro ponto. Você poderia ter agências bancárias nesses locais desconcentrando as pessoas”.

O professor defende o pagamento do auxílio de forma descentralizada. “Evidentemente que a minha proposta não está pronta, mas a ideia é que esse processo seja descentralizado, e a estrutura das prefeituras permite essa descentralização”, aponta.

Uma das saídas sustentadas por ele é que o Governo Federal emita um cartão de débito para os beneficiários que precisam abrir uma conta na Caixa. “Um cartão que seria aceito no local de compra, até para universalizar o acesso ao dinheiro”, sugere.

Diário do Nordeste

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