Depoimento de Jairinho é marcado por acusações contra perito e alegações de inocência

Terminou já na noite desta segunda-feira (13) o depoimento do ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, em mais uma audiência de instrução e julgamento do caso Henry Borel. Ao longo do interrogatório de mais de seis horas, o ex-parlamentar reafirmou por diversas vezes ser inocente de todas as acusações e declarou que jamais encostou um dedo no enteado.

O ex-vereador chegou a alegar que, se houvesse algum sinal de agressão contra Henry, isso teria sido percebido logo na entrada do hospital Barra D’or, na noite da morte do menino. De acordo com ele, a prova de que não havia nenhum indício de violência é que ele recebeu pêsames das médicas que atenderam o garoto e do pai da criança, Leniel Borel.

“Eu, definitivamente, eu juro por Deus que eu nunca encostei em nenhuma criança. Eu nunca fiz isso na minha vida”, garantiu o político. “Toda noite, eu combino com a minha família, às 21h, meus filhos, todos eles: Jairo, Malu, Luiz Fernando, para que a verdade apareça, para mostrar que eu sou inocente”, completou o ex-vereador ainda.

Também no depoimento, Jairinho não poupou críticas ao trabalho do perito criminal Leonardo Tauil, responsável pelo laudo de necropsia do Instituto Médico Legal (IML). Ele acusou de ser falsa a perícia, já que o especialista se quer viu o corpo do menino.

“Ele mente. Ele não viu o corpo. Quando temos um pneumotórax, e o pulmão está encostado do lado direito, e ele descreve que o pulmão está contundido, ele (perito) está mentindo. Com vamos acreditar que ele viu a laceração hepática, se a gente tem prova incontestável, que ele não viu o corpo?”, indagou o vereador cassado.

Ainda de acordo com o ex-parlamentar, o raio-x apresentado pela defesa na audiência do último dia 01º provaria sua inocência. Ele argumenta que a causa da morte de Henry seria uma lesão no pulmão que possivelmente teria sido causada pela massagem cardiorrespiratória feita no garoto durante atendimento no hospital.

“Lesões causadas por massagens cardiorrespiratórias podem causar lesões em vários órgãos. O Henry chegou lá e não tinha nenhum machucado”, assegurou Jairinho.

E assim como ocorreu na última audiência de instrução e julgamento do caso, a sessão foi marcada por discussões no plenário. O depoimento do ex-parlamentar que estava marcado para começar às 9h30 só teve início depois das 11h30, justamente por conta de um desentendimento entre os advogados de defesa de Jairinho e a juíza responsável pelo caso, Elizabeth Machado Louro.

A magistrada pediu que os advogados ficassem sentados para abrir a sessão. No entanto, eles afirmaram que a magistrada estava cerceando o direito deles de se mexerem pelo plenário.

Mais tarde, o advogado de Jairinho Cláudio Dalledone e um dos representantes da defesa de Monique Medeiros, Hugo Novais, se estranharam após a realização de uma pergunta e iniciaram uma briga acalorada. Os ânimos só foram acalmados e o conflito encerrado após intervenção de policiais presentes no local.

Ouça parte da discussão no áudio abaixo:

Já ao final da sessão, a defesa de Jairinho voltou a pedir o reinterrogatório das médicas e das enfermeiras do Hospital Barra D’or que prestaram socorro ao garoto. Os advogados do ex-vereador também solicitaram as imagens das câmeras de segurança da unidade médica; a inclusão nos autos de um segundo raio-x feito na criança; além dos depoimentos do radiologista e dos auxiliares da necropsia que fizeram fotos do corpo de Henry.

Em conversa com a imprensa depois do encerramento da audiência, a advogada Flávia Fróes, uma das representantes da defesa do ex-vereador, defendeu a importância dessas solicitações. “É interesse de todos saber se o menino Henry foi assassinado, se morreu acidentalmente, ou se foi por causa do atendimento médico”, argumentou.

“O prontuário médico hospitalar não diz que Henry chegou morto. As próprias médicas não disseram isso em depoimento”, apontou ainda a advogada Flávia Fróes durante conversa com os jornalistas.

A partir dos requerimentos apresentados pela defesa de Jairinho, a juíza Elizabeth Machado Louro deu um prazo de cinco dias, válidos a partir desta terça-feira (14), para que Ministério Público e assistência de acusação se manifestem. Somente depois disso é que a magistrada decidirá se aceita ou não os pedidos.

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