Cerimônia torna Menina Benigna a primeira beata do Ceará 

A cearense Benigna Cardoso da Silva, conhecida como Menina Benigna, foi beatificada nesta segunda-feira (24) durante uma celebração realizada no município de Crato, no Cariri cearense.

Durante a leitura da carta apostólica do Vaticano, o arcebispo Leonardo Ulrich Steiner lembrou do gesto de Benigna Cardoso ao pagar sua dignidade com sua própria vida.

“Nós, acolhendo o desejo do nosso irmão no episcopado Magnus Henrique Lopes, bispo do Crato, e também dos demais irmãos no episcopado e de muitos fiéis em Cristo, depois de termos ouvido parecer do dicastério para a causa dos santos, com a nossa autoridade apostólica ordenamos que a venerável serva de Deus, Benigna Cardoso da Silva, jovem leiga, mártir, que observando a palavra de Deus conservou sua vida para defender a sua dignidade de mulher até a infusão do sangue”, diz trecho da carta.

O rito de beatificação foi realizado no início da missa. Em um primeiro momento, o bispo da Diocese de Crato, Dom Magnus Henrique Lopes fez o pedido de beatificação ao cardeal Leonardo Steiner, que representou o Papa Francisco na cerimônia.

Em seguida, o Padre Wesley Barros, coordenador da cerimônia de beatificação, leu a biografia da menina Benigna, onde contou o martírio sofrido pela jovem. O cardeal Leonardo Steiner continuou com a leitura da carta apostólica do Vaticano, que concede o título de beata a Benigna Cardoso da Silva. Para finalizar o rito, dois momentos realizados juntos, a descoberta da imagem da mártir no altar e a entrega da relíquia de 1º grau com ossos da menina Benigna, carregados por parentes da mártir.

Mais de 300 padres e bispos compareceram à cerimônia. De acordo com a equipe de segurança da Polícia Militar, mais de 20 mil pessoas oriundas de várias partes do Nordeste e do país estiveram presentes na beatificação no Parque Pedro Felício Cavalcanti, no Crato.

Com a beatificação, a Menina Benigna se tornou a primeira beata cearense e a quarta mártir do Brasil. Ela agora passa a receber o título de mártir, podendo ser venerada nos templos católicos do Brasil.

Devoção

A cerimônia teve início à tarde, mas um grande número de fiéis já aguardava no local desde cedo pela manhã desta segunda-feira.

Ártur César, de 16 anos, acompanhou esse momento histórico. Veio com mais 42 romeiros de Maceió, Alagoas, na última sexta-feira (21) só para ver de perto a beatificação. Vestido com camisa vermelha de bolinhas brancas, símbolo de devoção à Benigna, ele não deixou de se emocionar com a beatificação.

Morte aos 13 anos

Benigna nasceu em 15 de outubro de 1928 no Sítio Oiti, em Santana do Cariri, no interior cearense. No dia 24 de outubro de 1941, foi assassinada aos 13 anos por Raul Alves com golpes de facão, ao recusar ter relações sexuais com ele, que morava no mesmo município.

Após a morte, a menina passou a ser venerada como mártir na região do Cariri e virou símbolo da resistência contra feminicídio e violência sexual contra crianças e adolescentes.

A recusa da adolescente, junto a fé e devoção cristã, tornaram Benigna uma mártir, que move romarias até hoje.

O processo de beatificação de Benigna começou em 2013, quando a Diocese do Crato recebeu do Vaticano o “Nihil Obstat”, ou seja, o “Nada Impede” para que se pudesse dar início à busca pelo título de beata.

Processo de beatificação

“Foram mais de 12 horas de viagem. Não é todo dia que se tem uma beatificação. Minha família é devota e é muito importante pra gente acompanhar isso. E eu espero viver até a canonização”, diz o jovem.

O processo de beatificação de Benigna começou em 2013, quando a Diocese do Crato recebeu do Vaticano o “Nihil Obstat”, ou seja, o “Nada Impede” para que se pudesse dar início à busca pelo título de beata.

Em 2019, o Papa Francisco reconheceu a história de Benigna para que ela se tornasse a primeira beata cearense e a quarta mártir do Brasil.

A solenidade de beatificação deveria ter ocorrido em outubro de 2020, mas devido à pandemia de Covid-19, o Vaticano adiou a data.

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