Casal se conhece pelo rádio e tem primeiro encontro no cemitério

Algumas histórias de amor são marcadas pela frase “até que a morte os separe”, mas esse não é exatamente o caso de Artur Emílio Walach, de 82 anos, e Maria Lúcia Teixeira Walach, de 72.

A história do casal já dura 38 anos e passa pelo mundo dos mortos desde o começo.

O primeiro encontro deles foi em um cemitério. Anos depois, já juntos, os dois trabalharam no Cemitério Municipal do Água Verde, em Curitiba.

“O lugar em que mais me sinto feliz é no cemitério, eu gosto”, conta Maria Lúcia.

Como tudo começou…

O casal se conheceu por meio de um programa de rádio, depois que Maria Lúcia mandou uma carta para o veículo falando que gostaria de encontrar um namorado.

Ela relembra que o locutor leu o recado. Do outro lado do rádio, Artur ouviu a mensagem e ligou para ela.

“Por sorte de Deus ele escutou. Daí ele me ligou, e falou: ‘Vamos marcar um encontro?’ Ele pediu para ir ao cemitério”, conta Maria Lúcia.

O convite não assustou a jovem Maria Lúcia, e o relacionamento se desenvolveu em tempo recorde: três dias depois do primeiro encontro os dois foram morar juntos.

“Mas sabe o que é? Quando Deus quer uma coisa, ninguém separa? É Deus, filha, e vivemos a vida, graças a Deus, nenhum larga do outro”, fala Maria Lúcia.

A história de Artur com o cemitério começa antes de conhecer Maria Lúcia. Em 1967, ele começou a trabalhar no Cemitério Municipal do Água Verde, onde ficou até janeiro de 2023.

Artur relembra que começou na limpeza do local: varria calçadas, carpia, tirava o lixo, entre outras atividades. Anos depois, passou para uma função administrativa, onde atuou até os anos 2000.

Em seguida, passou a trabalhar como zelador de túmulos.

Artur garante que só parou de trabalhar porque está com problemas de saúde que o impedem de desenvolver as atividades.

“Sinto falta, são quase 56 anos de cemitério”, conta.

Mas o Cemitério Municipal do Água Verde não foi fonte de renda só para Artur. Há cerca de 30 anos, Maria Lúcia também passou a trabalhar no local, fazendo a limpeza dos túmulos.

“Eu peguei amor. Os túmulos que eu limpo as pessoas mandam mensagem me agradecendo, porque eu limpo como se fosse minha casa. Tiro todos os matinhos que têm do lado, onde tem coisinha eu pego massa, arrumo a calçada, planto flor. A gente tem que cuidar com amor e com muito carinho”, fala.

Gratidão

A convivência no cemitério permitiu que o casal conhecesse diversas pessoas diante da alta circulação no local. Por estarem sempre lá, os dois conhecem bem a geografia do espaço.

Ele relembra que, cerca de 25 anos atrás, ajudou um homem a encontrar o túmulo onde o pai estava sepultado. Naquele ano, Artur passou a ter problemas de saúde e, sem conseguir resolver, foi procurar um médico particular.

A surpresa foi que o médico que o atendeu era o mesmo rapaz que ele ajudou a encontrar o túmulo anos antes. Como forma de agradecimento, o profissional da saúde passou a tratar Artur.

“Trata meu pai, assim, como se fosse pai dele. É muito legal isso”, comemora a filha do casal, Fernanda Miranda.

*Com colaboração de Maria Pohler, estagiária do g1 Paraná.

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