Aumento no preço do gás de cozinha provoca corrida às distribuidoras de botijão

O aumento no preço do gás de cozinha provocou uma corrida às distribuidoras de botijão de gás.

De uma hora para outra, o que já estava caro passou a valer a pena. Antes de mais um reajuste do gás, o gari Edmar Antônio, que mora em Belo Horizonte , comprou dois botijões.

“Afeta muita gente, porque tem gente que nem tem forma de pagar e vai ficar sem gás”, diz.

É o preço da guerra na Ucrânia, que começa a ser pago por brasileiros do país inteiro. Nesta sexta-feira (11), a Petrobras subiu em 16% o gás para as distribuidoras.

O repasse numa revenda de Brasília foi logo cedo: o preço do botijão passou de R$ 105 para R$ 115.

No restaurante de Luciana Araújo, vão quatro por semana. E ela diz que não tem como cobrar a diferença no cardápio.

“No início da semana eu comprei de R$ 95. Hoje já foi entregue por R$ 110. É tirar um pouco do lucro para poder manter a clientela”, conta.

Não é de hoje que o brasileiro arca com os aumentos do gás. O valor médio do botijão saiu de R$ 76,85 em janeiro de 2021 para R$ 102,41 em janeiro deste ano.

O gás vem aumentando muito mais do que a inflação. No acumulado de 12 meses, o índice geral ficou em 10,54%, enquanto o botijão subiu mais de 27%, e isso ainda sem o novo reajuste.

Numa revendedora em São Paulo, o estoque antigo esgotou na quinta-feira (10), quando a procura dobrou. Um novo carregamento chegou no fim do dia, já com preço novo.

Rosângela Marcelina Santana, que mora em Paraisópolis, em São Paulo, parou de cozinhar para os filhos todos os dias.

“Não estou em condições de comprar gás agora para estar cozinhando todo dia, toda hora e não sei mais o que fazer”, diz.

A economista Juliana Inhasz, do Insper, lembra que o aumento foi geral, para todos os combustíveis, mas que o gás pesa mais no orçamento dos mais pobres.

“Sem dúvidas ele não tem muitos substitutos, não tem muito como trocar o gás de cozinha por outras alternativas, o que faz com que as pessoas, infelizmente, tenham que encarar esse aumento. Elas não vão ter como deixar de usar gás de cozinha, elas podem tentar reduzir, mas chega um ponto em que essa redução não é mais possível”, explica.

No Recife, a família de Josileide da Silva, que tem quatro filhos, vive com o dinheiro do Auxílio Brasil e com o que o marido ganha lavando carros. Não sobra para o gás.

“Tenho que pedir emprestado para comprar o gás para eles almoçarem e tomarem café mais tarde”, conta.

Deixe um comentário