Aumento no consumo de álcool preocupa no período de quarentena

O aumento do consumo de álcool durante o período de isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus é preocupante. Alertou, em entrevista à Agência Brasil, a presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), Renata Brasil Araújo.

Ela esclarece que, inicialmente, a bebida parece trazer euforia mas o que ela faz é diminuir a ativação do freio do cérebro, chamado de lobo pré-frontal. As pessoas ficam com efeitos de mais sedação, mas um efeito colateral é o aumento da impulsividade. E ficando sem freio, pode ocorrer um aumento de violência doméstica e de feminicídio, porque a pessoa está trancada em casa.

“Como essa parte do freio do cérebro não está funcionando muito bem, a pessoa fica mais impulsiva, mais intolerante. Se houver intervenção de alguém da família no sentido de parar de beber, isso por si só já gera um descontentamento e uma reação”, advertiu a presidente da Abead.

Há uma semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também manifestou a sua preocupação. “O álcool não protege contra a covid-19, o acesso deve ser restrito durante o confinamento” é o título de um artigo que a entidade publicou em seu endereço oficial na internet.

Renata Brasil Araújo destacou que o crescimento do consumo de álcool doméstico acontece em um momento de isolamento, quando o acesso ao tratamento de dependências químicas está mais difícil. E que algumas pessoas que aumentaram o consumo da bebida durante a reclusão podem manter esse hábito pós-quarentena e, a longo prazo, isso pode vir a se transformar em uma dependência, que tem um componente biopsicossocial.

“Aquelas pessoas que já têm uma vulnerabilidade biológica e uma predisposição genética para o alcoolismo, junto com uma capacidade emocional mais frágil estão mais suscetíveis a seguirem bebendo após a quarentena e se transformarem em dependentes do álcool, sim”, analisou.

Atendimento on-line

Preocupada com o crescimento do consumo do álcool no país, a Abead lançou a campanha #sejaluz, para mostrar coisas positivas na internet, como os botecos virtuais, e orientando a respeito dos cuidados não apenas com o álcool, mas com o tabaco e outras drogas nessa fase de quarentena. “Porque é algo que a gente, provavelmente, vai pagar um custo para isso” acrescenta Renata Brasil Araújo.

Em outra frente, a Abead montou um trabalho voluntário com psiquiatras associados para atender, gratuitamente, até o próximo dia 26, dependentes químicos e seus familiares, pelas redes sociais. O foco são as pessoas de baixa renda que não teriam acesso a tratamento no curto prazo e que na ação recebem orientação em casa.

O serviço é acessado no ‘Facebook’ e no ‘Instagram’, da associação, ou pelo número de ‘Whatsapp’: 51-980536208. Onde as pessoas podem marcar consulta e recebem o telefone do terapeuta, psicólogo ou psiquiatra. O atendimento é diariamente, das 8h às 22h.

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