Aposentado confessa que jogou salsicha com veneno para cães de vizinho

O homem suspeito de fraturar o nariz e causar afundamento da face de uma nutricionista de 25 anos na noite de 23 de julho, em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, também era investigado por jogar alimento com veneno na garagem de um vizinho em que dois cães tinham acesso. Claudio Von Randow admitiu a culpa deste segundo caso e fez um acordo de não persecução penal com o Ministério Público neste mês.

Ele participou com um advogado de audiência em que reconheceu a denúncia e foi informado sobre as consequências de novas infrações. Entre os pontos do acordo fechado entre as partes na Justiça estão:

  • Prestar serviço à comunidade ou a entidade públicas por “período correspondente a pena mínima cominada ao delito supra referido diminuída de dois terços, totalizando 8 meses, em local a ser indicado pelo Juízo da Execução”.
  • Reparação de danos aos tutores dos animais no valor total de R$ 8 mil.
  • Se compromete a comunicar o Juízo das Execuções Criminais sobre mudança de endereço.
  • Se compromete a manter ocupação lícita, declarando que exerce atividade conforme acima e não mais voltar a praticar novos crimes.

Segundo o acordo, o juízo decretará a extinção do caso ao fim do cumprimento do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP).

O acordo feito na Justiça é admitido no Código de Processo Penal em casos nos quais a pena mínima é inferior a quatro anos de detenção e não tenha havido, por exemplo, uso de violência.

A defesa dele foi procurada pelo g1, mas não encaminhou posicionamento até a última atualização desta reportagem.

Relembre o caso

De acordo com o boletim de ocorrência, em 7 de maio deste ano, no bairro Cerâmica, os tutores de dois cachorros, de 20 kg e 17 kg, registraram que o vizinho jogou na garagem um pedaço de salsicha recheado com sementes de girassol com veneno de rato.

Câmeras de segurança mostram quando Claudio aparece no vídeo, olha para a garagem e joga o material. Naquele momento, os animais não estão nas imagens.

O vizinho não era autorizado a alimentar os animais nem era íntimo dos tutores.

Os tutores desconfiaram que havia algo errado com os cães devido à mudança de comportamento: estavam mais quietos do que costume e “amuados”. Decidiram levá-los por precaução ao veterinário, que indicou que eles poderiam ter ingerido uma substância tóxica.

A tutora dos cães achou um pedaço de salsicha com material semelhante ao veneno contra ratos. Ao checar as câmeras de segurança da casa, viram Claudio jogando algo pelo portão. Justamente no dia em que os cachorros foram socorridos.

Laudos do veterinário que atendeu os cães apontaram, na época, que o girassol raticida tem como principal ativo a substância “brodifacoum”, que é absorvida pelo organismo após 12 horas de ingestão, com lenta distribuição pelo corpo. Isso torna tardios os sinais clínicos de envenenamento.

Imagens de ultrassom sugeriam processo inflamatório no intestino dos animais. Eles teriam comido pequenos pedaços e sobreviveram, segundo apurado pelo g1.

O laudo do Instituto de Criminalística aponta que a amostra com matéria orgânica foi submetida à análise química, que deu resultado positivo para a substância brodifacoum.

O brodifacoum é um rodenticida, um tipo de veneno para matar ratos. O documento aponta que ele causa coagulopatia, que são distúrbios de coagulação.

Na delegacia, Claudio Von, na ocasião com 58 anos, foi identificado como sendo o homem que aparece nas imagens.

O aposentado foi chamado e teve acesso às imagens. Ele se reconheceu como sendo a pessoa que aparece de camiseta branca, bermuda e tênis, mas ficou em silêncio.

À polícia, o tutor dos cachorros contou que morava havia cinco meses no imóvel e não teve nenhum problema com o morador ao lado nem recebeu nenhuma reclamação sobre eventual barulho que eles fizessem e possivelmente incomodassem.

Os pets ficavam no quintal, segundo o relato, e, quando os tutores estavam em casa, permitiam que os cães ficassem na garagem, como são tranquilos e não costumam latir, apenas brincar entre si.

Suspeito de agressão

Claudio Von também foi apontado pela Polícia Civil de São Caetano do Sul como sendo o homem suspeito de agredir uma nutricionista de 25 anos em 23 de julho deste ano.

O caso foi encaminhado pela polícia ao Ministério Público, que pediu ainda que uma testemunha seja ouvida e mais imagens de câmeras da região sejam anexadas no processo. O juiz Eduardo Rezende Melo concordou com o MP e com uma perícia nas imagens da agressão.

Depois de buscas e denúncias anônimas, os policiais da Delegacia de Defesa da Mulher e da Delegacia Sede da cidade chegaram ao homem, que afirmou ser a pessoa do vídeo, mas informou à polícia se tratar de uma suposta montagem. Ele reconheceu ter uma cadela preta, mas também nega ser o animal que aparece nas câmeras.

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