Quatorze pacientes que estão com a síndrome nefroneural continuam internados em estado grave, com risco de morte, informou a Secretaria de Estado de Saúde, durante a coletiva na manhã desta sexta-feira (7).
Até agora, já são 18 casos notificados da síndrome nefroneural. Quatro foram confirmados. Quatro pessoas morreram. Os casos surgiram possivelmente após a ingestão de dietilenoglicol, que foram encontradas nas cervejas da Backer.
A Secretaria de Estado de Saúde explicou que apenas a Polícia Civil tem a tecnologia necessária para fazer exames e confirmar com precisão se os pacientes que estão internados foram contaminados pelo dietilenoglicol. Esta seria o motivo apontado pelo órgão para a demora da confirmação dos demais casos.
“É raro a intoxicação por dietilenoglicol. A gente não sabe em relação a sequelas, evolução. Existe a possibilidade de que estes pacientes se recuperem, mas pode ser que também tenham sequelas”, disse a infectologista Virgínia Antunes de Andrade.
Dos 18 casos investigados pela Secretaria de Estado de Saúde, a maior parte homem. O infectologista do Hospital João XXIII Adebal Filho disse que os efeitos vão variar em cada um. “Se a pessoa tiver ingerido a cerveja de barriga cheia, menor será a absorção do álcool e também do dietilenoglicol”, explicou.
Ainda de acordo com o infectologista, quanto maior a quantidade ingerida, maior risco de adoecimento;. Pacientes que já tinham alguma doença, especialmente renal ou hepático, têm mais chances de ter quadro grave da síndrome nefroneural. “A ingestão de outros tipos de álcool com a cerveja é o antídoto principal. Isso explica porque alguns adoeceram muito e outros não”, completou.
Sintomas
Durante a coletiva, a infectologista reforçou que os sintomas começam a apresentar nas primeiras 72 horas após a ingestão. Os primeiros sinais de intoxicação por dietilenoglicol são dores abdominais, náuseas e vômitos.
Entre os sintomas da síndrome nefroneural estão alterações neurológicas e insuficiência renal. O tratamento é feito no hospital, com monitoração, e tem o etanol como antídoto.
Entretanto, segundo a infectologista Virgínia, o antídoto pode reverter apenas parcialmente. “Porque não se sabe se é só do dietilenoglicol ou os metabólicos que ele produz que estão causando estes danos. O antídoto combate os efeitos do dietilenoglicol. Mas os efeitos dos metabólicos podem causar danos permanentes”.
Resumo:
- Uma força-tarefa da polícia investiga 18 notificações de pessoas contaminadas após consumir cerveja; quatro morreram;
- Os sintomas da síndrome nefroneural incluem náusea, vômito e dor abdominal, que evoluem para insuficiência renal e alterações neurológicas;
- O Ministério da Agricultura identificou 21 lotes de cerveja da Backer contaminados com dietileglicol, um anticongelante tóxico;
- A Backer nega usar o dietilenoglicol na fabricação da cerveja;
- A cervejaria foi interditada, precisou fazer recall e interromper as vendas de todos os lotes produzidos desde outubro;
- Diretora da cervejaria disse que não sabe o que está acontecendo e pediu que clientes não consumam a cerveja
Veja lista das mortes investigadas
- Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos. Ele estava internado em Juiz de Fora e morreu em 7 de janeiro. A morte por síndrome nefroneural causada por dietilenoglicol foi confirmada
- Antônio Márcio Quintão de Freitas, de 76 anos. Morreu no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, por suspeita de síndrome nefroneural
- Milton Pires, de 89 anos. Morte confirmada pela SES nesta quinta-feira (16) por suspeita de síndrome nefroneural. Também morreu no Hospital Mater Dei
- Maria Augusta de Campos Cordeiro, de 60 anos. A morte havia sido notificada pela Secretaria Municipal de Saúde de Pompéu, mas só foi confirmada pela SES nesta quinta-feira (16) por suspeita de síndrome nefroneural.
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