Advogado de médico suspeito de crimes sexuais quer investigação para apurar quem vazou vídeos

Anos de ‘consultas’ gravadas que, de repente, vieram à tona na mídia. O Advogado do médico e prefeito afastado da atual gestão de Uruburetama, José Hilson de Paiva, 70, busca saber quem foi o responsável por vazar os vídeos com registros que mostram Paiva abusando sexualmente de pacientes, dentro do consultório dele, no interior do Ceará.

Segundo o advogado Leandro Vasques, ainda nesta semana a defesa irá requerer às autoridades policiais de Cruz e Uruburetama que uma investigação seja iniciada para apurar a autoria do vazamento dos vídeos e subtração do equipamento que armazenava as imagens divulgadas nas duas últimas edições do Fantástico. A Globo teve acesso a 63 vídeos que mostram José Hilson abusando de mulheres atendidas por ele enquanto médico.

O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) busca saber as datas exatas que os fatos aconteceram e quais crimes podem ser configurados em cada uma das ações cometidas por Paiva. Nas imagens, é possível perceber o médico violando corpos de, pelo menos, 17 vítimas, sob justificativas de que os atos se tratavam de procedimentos clínicos.

Conforme Leandro Vasques, o equipamento com as imagens desapareceu da casa de José Hilson há, pelo menos, um ano. Segundo ele, se encontrado o culpado pelo vazamento dos vídeos, a pessoa pode responder criminalmente com base na ‘Lei Carolina Dieckmann”. A lei foi foi publicada no Diário Oficial da União em dezembro de 2012, dispondo sobre a tipificação criminal de delitos informáticos. O apelido com nome da atriz foi devido à repercussão de um caso que Carolina teve seu computador invadido e arquivos pessoais subtraídos. Dentre os arquivos, havia fotos íntimas que rapidamente se espalharam na internet.

Em trecho da lei, é considerado crime “invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita”.

Prisão

A prisão preventiva de José Hilson foi decretada pelo Poder Judiciário cearense na manhã da última sexta-feira (19). Horas depois, o prefeito se apresentou às autoridades policiais acompanhado pelo advogado, na Delegacia Geral, localizada em Fortaleza. O depoimento do médico durou quase três horas. Conforme divulgado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), durante sua fala, o médico disse que a prática de filmar pacientes no consultório se tornou um fetiche.

A delegada de Cruz, Joseanna Oliveira, acrescentou que, conforme as investigações, “às vezes ele deixava a câmera ligada e filmava a sala mesmo sem ter pacientes, era um hobby”. No início da semana passada, o suspeito foi expulso do partido PCdoB e afastado da gestão da Prefeitura de Uruburetama. O Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec) também interviu e decidiu pela interdição cautelar de Paiva. Por decisão unânime, o Cremec definiu que José Hilson está proibido de exercer a medicina durante seis meses.

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