Advogada presa por desacato critica secretário Mauro Albuquerque

A advogada Paloma Gurgel de Oliveira Cerqueira negou ter ameaçado e afirmou ter sido agredida por um agente penitenciário, em uma clínica na avenida 13 de Maio, em Fortaleza. O caso é investigado pela Polícia Civil, que confirmou a prisão em flagrante e a liberdade horas depois, mediante pagamento de fiança. Paloma criticou a conduta do servidor e do titular da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), Mauro Albuquerque.

Paloma acompanhava um preso que recebia atendimento na clínica e o agente não autorizou a advogada acompanhar seu cliente. Ela ainda deu voz de prisão para o servidor, que também deu aval à prisão da mulher. Paloma se recusou a entrar na viatura policial, temendo ser torturada. “Todo mundo sabe o histórico desse secretário [Mauro]”, disse. 

Em seguida, a advogada citou a série de ataques ocorridos na última semana e em janeiro, afirmando que o trabalho de Mauro Albuquerque não trouxe resultados favoráveis ao Ceará. “Ele pensou que o povo ia se matar, como aconteceu em Natal”, disse. “A teoria dele se virou contra ele mesmo”, completou. Antes de assumir a pasta no Ceará, o secretário passou pelo Rio Grande do Norte, após assumir o sistema penitenciário diante de uma crise em 2017, no Presídio de Alcaçuz. A gestão ficou marcada por sua maneira “linha dura” de lidar com presos. 

Sobre a ameaça denunciada pelo agente, a advogada disse ter sido interpretada erroneamente. Na discussão, ela afirmou que tinha “costas largas”, termo utilizado para definir quem conta com a proteção de alguém importante. Entretanto, Paloma afirma que se referia as suas costas, quando o servidor sacou uma arma, fazendo menção de atirar. “Foi tudo armado para que isso acontecesse”, disparou, alegando ser perseguida por ser contra à violência. “Isso incomoda esse povo que está fazendo política sem lei”, desabafou.

Por fim, ainda criticou quem especula sua vida pessoal. “Minha vítima íntima não interessa à sociedade”, afirmou. Conforme documento obtido pelo Grupo Cidade de Comunicação, a advogada se casará em outubro com Carlos Odeon Bandeira, conhecido como “Jow”. Ele é suspeito de comandar uma organização criminosa no Sertão Central. “O que eu tenho é pena dessas pessoas que acham que por ter uma metralhadora naquele momento, ganhando muito pouco, podem tudo. Quando na verdade são tão volúveis e tão submissos à violência quanto a gente, como população”. 

Em nota, a Polícia Civil confirmou a prisão e a abertura de um inquérito. “A mulher se apresentou aos agentes como advogada do preso e desacatou um dos profissionais de segurança por este não autorizar que ela acompanhasse o atendimento médico. Equipes da Polícia Militar do Ceará (PMCE) foram ao local e acompanharam o procedimento. Agentes femininas foram até a unidade de saúde e conduziram a advogada até a delegacia. Ela foi liberada após pagamento de fiança. Policiais do 34º DP continuam o trabalho de investigação sobre o caso”. 

O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) afirmou que Paloma “solicitou, à Justiça estadual, visita social a um preso. O Juízo da Corregedoria de Presídios da Comarca de Fortaleza remeteu o pedido, no último dia 24, para análise administrativa da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). Atualmente, o processo está aguardando resposta da referida Secretaria”. 

Procurada, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE) afirmou que se manifestará em nota, sobre o assunto. 

Ela foi baleada em 2016
Em dezembro de 2016, em Natal, Paloma foi atingida com quatro tiros de pistola. Uma das próteses de silicone impediu que a bala atingisse o tórax e entrasse em outros órgãos. “Eu me deitei no chão e tentei proteger minha cabeça encostando nas pernas e me fingi de morta. À queima-roupa, o homem fez o último disparo para atingir minha cabeça, que estava próxima às pernas, mas a bala estraçalhou o meu joelho esquerdo. Naquele momento, pensei: ‘Eu morri’, mas o milagre me salvou”, disse ao Uol. 

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