Açude Orós volta a receber recarga significativa de água

O Açude Orós, segundo maior reservatório do Ceará, que estava em processo de seca, recebeu nos últimos 15 dias recarga de 55 milhões de metros cúbicos. O acréscimo de 3% na capacidade alivia o quadro de agonia da região. No início deste mês, o Orós estava com 5,2% e agora chega a 8,14%. Na coluna de água, houve um aumento de 2,64 metros.

A recarga decorre da cheia do Rio Jaguaribe que recebe água da região dos Inhamuns e de parte do Cariri cearense por meio do Rio Cariús. A preocupação, entretanto, permanece porque, na cidade de Iguatu, o nível do rio vem baixando nos últimos três dias. “Precisamos de uma recarga bem maior para atender à demanda que é exigida do Açude Orós”, pontuou o chefe do escritório da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), em Iguatu, Anatarino Torres.

Atenção

O temor dos técnicos é que o Orós acumule menor volume de água no início do segundo semestre deste ano em comparação com igual período do ano passado. Em 1º de julho de 2018, o Açude Orós acumulava 9,1%. “Ainda precisamos de mais 1%, mas o nível de água que entra no reservatório tem sido reduzido nos últimos dias”, observou Torres. “Esperamos por mais chuva para nova cheia no Jaguaribe”.

Maio, que é o último mês da quadra de chuva, tem média pluviométrica reduzida: 90,1 mm. É praticamente a metade do que é esperado para abril (188 mm). Anatarino frisou que, após o fim da atual quadra chuvosa, haverá reunião entre a Cogerh e o Comitê da Bacia do Alto Jaguaribe para analisar os dados, o volume armazenado e definir a liberação de água. O Açude Orós tem papel importante no abastecimento das cidades de Orós, Icó, Jaguaribe e Jaguaretama, além de dezenas de localidades rurais e distritos. São milhares de famílias da região que dependem das águas do reservatório.

“O ideal era que a recarga do Orós perdurasse por mais 15 dias”, observou Torres. “A situação do açude era muito preocupante, já que estava secando para atender uma demanda elevada, mas houve um alívio neste mês de abril”, considerou Anatarino.

O baixo volume de água no Orós afetou drasticamente a atividade de pesca artesanal e a produção de tilápia em gaiolas. A piscicultura, no período de 2011 a 2013, movimentou a economia local, gerou emprego e renda para 700 famílias nos municípios de Orós e Quixelô. A produção média mensal era de 450 toneladas, mas hoje é menos de um por cento deste total.

Para a atividade ser retomada é necessário que o açude acumule pelo menos 50% de seu volume. “Ainda não será neste ano”, pontuou o engenheiro de pesca e integrante do Comitê da Bacia do Alto Jaguaribe, Paulo Landim. “O processo de criação exige entre quatro e seis meses, o volume atual é muito pouco e não dá essa segurança”.

Os piscicultores e pescadores artesanais estão paralisados e não há perspectiva de retomada da atividade produtiva neste ano. Francisco Marques dos Santos é pescador e está sem trabalho e renda há dois anos. “A pesca se acabou no Orós, ele estava secando e a gente volta a se animar com essa água que está entrando no açude”, disse. “Tomara que traga novos peixes”, completa Francisco.

Já o pescador aposentado José Bento Nogueira comprou um barco para o transporte de moradores de áreas ribeirinhas. “O açude seco tem o risco de quebrar hélice nas pedras”, observou. “Houve uma melhora nesses últimos dias e tomara que a água continue aumentando”.

O comércio local depende do açude. A renda oriunda da atividade de pesca circula na cidade. “Aqui os negócios estão parados, a renda caiu muito, sem pesca e sem visitantes”, observou a comerciária Gerla Vieira. Ela foi na manhã desta segunda-feira ver o nível do reservatório. “Já aumentou dois metros e a gente quer que aumente mais para ter muita movimentação nos domingos”.

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